A anta, a capivara e a alternativa

Hoje fiquei encantada com uma foto que mostrava cerca de 20 capivaras nadando nas águas do Lago Paranoá, aqui em Brasília. A seca aqui está demais, e as bichinhas estavam aproveitando a oportunidade de se refrescarem.

Em comentários sobre a foto sensacional nas redes sociais, vi muita gente chamando as capivaras de antas. Totalmente diferentes.

Isto é uma anta.

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Isto é uma capivara.

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Nada em comum, além do fato de serem dois animais bem interessantes e simpáticos.

Graças à santa polissemia (“poli”= muitos + “sema”= significados), nossa língua cria novos empregos para as palavras. “Puxar a capivara de alguém”, longe de significar “tracionar para a sua direção o quadrúpede comedor de capim de outrem”, significa “puxar a ficha criminal de alguém”.

Já a anta, pura injustiça, mesmo com essa carinha simpática, de quem não incomoda ninguém, tem seu nome utilizado com o sentido de “pessoa de inteligência limitada”, justamente pelo seu comportamento pacífico.

Finda essa volta fenomenal, vamos ao assunto central da conversa de hoje: a palavra “alternativa”.

“Alternativa” não é anta nem capivara. Não é mamífero, não come capim e não tem vários sentidos. Tem um só, que ela já fez questão de colocar no próprio nome, para que as pessoas não errassem. Mas a pobre não teve sorte.

“Alternar” e toda a sua família (alternativa, alternância…) significam a escolha entre duas situações. Duas. Não mais. Alterna-se entre uma coisa e outra.

O dicionário Houaiss aceita o uso mais moderno da palavra “alternativa” como sinônimo de “opção”. Mas o Aurélio só registra o sentido de alternância entre duas escolhas.

E é muito comum vermos as pessoas confundindo anta com capivara, alternativa com opção sem nem dar uma olhadinha mais atenta às bichinhas. Não são iguais.

Coisas de gente conservadora essa mania de querer preservar velhos hábitos. Mas vou continuar trocando “alternativa” por “opção” sempre que houver mais de duas escolhas…

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